20 de nov. de 2012

She's so heavy.

Eu refleti por algum tempo, e pensei se aqui seria o melhor lugar. E após algumas reflexões, não há lugar mais adequado.
Eu tive um sonho. Nos últimos dias, eu tenho visto minha mente vazia durante a noite, mas não dessa vez. Estava inquieta com algumas coisas, alguns problemas. Algumas perdas, uma perda.
Eu sonhei com um tempo fresco, braços e lágrimas de felicidade. Mas a realidade é tão dura, e insensível, não é mesmo?
E eu sinto como se eu já devesse saber disso, mas mesmo assim, é sempre como se nada ruim tivesse acontecido antes.
As memórias acalentam e machucam ao mesmo tempo. Tudo está muito confuso na verdade. Idealizamos coisas, e construímos coisas que com um leve soprar de uma brisa maliciosa são destruídas, como castelos de papel. E o que sobra? Dor, melancolia, mais dor.
Mas apesar de sentir uma profunda vontade de levantar minha voz para esbravejar e praguejar pra todos os lados, eu entendo que essa atitude é estúpida. Toda a injustiça e a hipocrisia já está subjetivada, nada precisa ser dito na verdade. Eu só estou sem entender o porquê.  

17 de jan. de 2012

Conto nº 2


Eu apenas vislumbrei a barra branca do seu vestido azul. 
Senti o doce cheiro que exalava dos seus cabelos castanhos.
 Sem dizer nada, eu passei a seguir aquele rastro azulado no meio daquela multidão confusa. Segurei seu braço com firmeza, a encostei contra a parede e a beijei.
Não me apresentei, não disse “olá”. 
Estava desesperada para sentir o gosto de lábios tão macios.
Eu até esqueci que usava um vestido. Perdi a noção de todas as coisas, enquanto aquela pequena criatura lentamente se entregava, e retribuía ao meu carinho, cada vez mais e mais entregue.
Mas não pude deixar de perceber um pequeno volume que se erguia, enquanto minha lingerie ficava cada vez mais e mais úmida. Apalpei a saia, as anáguas, cheguei até a calcinha. Nervosamente apenas toquei sua roupa, e percebi que eu estava errada.
A cada toque por cima de sua cueca descoberta, ele ficava mais e mais ofegante, e entregue ao meu domínio irrefutável.
Antes de finalmente me arrastar ao chão, e sugá-lo como ele merecia por ser uma moça tão gentil, eu perguntei:
- quantos anos você tem?
- 15. 

23 de dez. de 2011

Alice Glass Complex

Você sai de casa pra um lugar longe.
Pra afogar as mágoas e esquecer na nota ruim, da comida ruim, do calor.
Você sai pra esquecer o lugar terrível no qual você vai passar um feriado que você considera sem sentido, ou comercial demais, não sei. Você só sai de casa pra fugir.
Daí você enche sua mesa de garrafas, o cheiro de álcool vai ficando cada vez mais insuportável.
O cheiro acre do tabaco torrado e queimado irrita seus olhos, mas você não liga, está entorpecida demais pra reclamar.
E assim você passa sua doce noite, essa doce e quente noite. Ninguém conhecido pode te ver, talvez você aproveite isso para conhecer alguém descartável o suficiente para que você não se sinta obrigada a lembrar o nome.
O que você está tentando esconder, ou esquecer? O que você quer justificar, ou o que você quer aprender?
O que você quer ser afinal pequena? 

16 de dez. de 2011

Conto n°1

O piscar dos olhos dura um segundo. Todas as vezes em que eu pisco os meus olhos conscientemente, eu costumo pensar em tudo o que eu esqueço normalmente. Penso nas palavras que eu gostaria de usar, no batom que eu saí de casa e esqueci de passar. No que eu gostaria de ser e fazer no futuro. Parece ser muita coisa em tão pouco tempo, mas parece que esse segundo proporciona uma reflexão profunda sobre as coisas que eu esqueço de pensar.
Naquele dia, naquela manhã ensolarada, eu pisquei os meus olhos. E lembrei de me concentrar nas aulas, e me perguntei se ficaria tudo bem.
Então eu abri os meus olhos e lá estava ela. Em pé, placidamente debruçada sobre um balcão, calma e sozinha.
Eu já não sabia o que fazer.

12 de dez. de 2011

Love and Caring


Eu queria ter o poder e a coragem para te dizer todas as coisas que eu guardo no meu coração. Mas é muito difícil, é como se você deixasse e me proibisse ao mesmo tempo. Ou talvez eu me proíba de abrir a boca e articular as palavras que eu tanto gostaria de dizer.
Eu te amo. Tanto, que dói. Dói pensar que eu possa ser tão cruel com meus gestos brutos, minhas palavras duras, nos dias em que eu não consigo me controlar. Dói pensar em apenas frações de segundo as quais eu não consiga sentir o seu coração batendo e vibrando na minha pele. Dói pensar na minha fraqueza, na minha insegurança, dói mais ainda quando eu penso que talvez eu nunca mais consiga dizer com tanta franqueza do tamanho dos meus sentimentos. Mas eu gostaria de tentar, pelo menos agora. Eu queria dizer o quanto eu me sinto grata e feliz por ter você ao meu lado, mas ao mesmo tempo me sinto um pouco cansada quando penso no peso que meus sentimentos causam em mim. Não são leves, mas são fortes e sufocantes. E viciantes. Eu sou viciada em tudo o que vem de você, mas eu nunca consigo dizer. Talvez minhas palavras tenham se tornado vazias pra você, mas eu sinto que muitas vezes eu não consigo preenchê-las com toda a sinceridade que eu gostaria. Eu quero tentar. Eu vou tentar. Por mim, mais do que tudo. Eu quero cuidar de você, do jeito que tem que ser. Essa também é uma forma de cuidar de mim. 

24 de nov. de 2011

SOS to my mother, take the hinges off the door.

O ato de crescer, de se tornar adulto, é muito estranho e doloroso. Ao mesmo tempo que as pessoas à sua volta se propõem a ajudar você a passar por isso, mais elas criticam, e pisam e se afastam de você, o que é uma coisa muito irônica. Dizem que temos que andar com as próprias pernas ao mesmo tempo que dizem que não podemos fazer quase nada sozinhos. Daí quando as coisas dão errado, nos culpam e dizem "eu avisei". Mas isso é muito confuso e irônico. Isso irrita. Principalmente quando as suas opiniões começam a divergir muito do ambiente no qual você vive. Quando sua sexualidade, sua religião, ou sua postura política chocam as pessoas que moram no mesmo teto que você. É nessa hora, principalmente nessa hora que pais e mães querem se tornar pais e mães de verdade. Sempre tive essa péssima impressão, que até hoje a família tenta reproduzir cópias exatas de si. Mas não é assim, as coisas não deveriam ser assim.
E os nossos pais dizem "queremos apenas ajudar vocês"
Ajudar o que?
Ajudar milhões de adultos em formação a serem tão alienados e retraídos e até mesmo burros quanto a geração anterior?
Quem disse que corrigir fisicamente dá certo? Se fosse assim, todas as pessoas que apanhavam até sair sangue da cara seriam pessoas excepcionais. Se fosse assim, bandidos não existiriam.
Quem disse que divergência de sexualidade é sinal de loucura, doença mental? Então como ficam os bilhões de pais e mães de família dos últimos dois séculos que se tornaram incubados por causa da pressão popular?
Eu sempre quis entender o que os adultos de hoje tentam resgatar. A sociedade civilizada, correta, cheia de moral e bons costumes de antigamente era PODRE. ABSOLUTAMENTE PODRE.
O que dizer de colonização, escravidão, exploração e tortura de seres humanos durante toda a história da sociedade mundial?
O que dizer das mães africanas que mutilam suas filhas pequenas, das mães e avós indianas que dão suas pequenas a homens ricos de 50 anos, para um casamento infeliz e cheio de abusos?
O que dizer do resto do mundo, que mata, machuca e dilacera vidas desde que o mundo civilizado é civilizado?

19 de nov. de 2011

Magic Spells

Eu admiro a minha incapacidade de esquecer certas coisas. Ou a capacidade das pessoas de me obrigarem a lembrar dessas coisas. Eu acabo esquecendo do meu cabelo que precisa ser lavado, dos exercícios que valem pontos e precisam mesmo ser feitos, esqueço até das coisas mais básicas, pra lembrar das coisas que eu sempre achei que estariam enterradas. Na verdade nada se apaga da cabeça. A gente acaba ocupando o cérebro com coisas que vão se sobressaindo, e então você tem a IMPRESSÃO  que esqueceu. Mas quando você ouve uma música lenta, ou triste, pouco a pouco tudo emerge devagar, e você afunda tão devagar quanto. Parece magia, uma magia ruim, venenosa, mas linda e viciante. Sim, nostalgia é viciante.
Os amigos que você deixou pra trás, ou que deixaram você pra trás, nunca sabemos direito como essas coisas acontecem. Tem as coisas que você deveria ter dito ou feito, mas que hoje é apenas especulação e milhares de filmes enrolados de "como seria se eu tivesse feito isso", filmes esses que por um tempo, ficam repetindo na nossa cabeça o tempo todo, sem parar.
Mas o pior talvez sejam as coisas que aconteceram, que terminaram mal, mas que mesmo assim você não consegue se desprender. Esse é o tipo de coisa que destrói, mais do que cigarros, ou noites sem dormir. Porque essas lembranças te dão noites mal dormidas com cheiro de tabaco e loops de palavras e gestos que nunca para.